sábado, 26 de abril de 2008

A Novela Três Vezes Amor



O filme Três Vezes Amor (Definitely, Maybe), escrito e dirigido por Adam Brooks, se assemelha às novelas que estamos acostumados a ver aqui no Brasil, só que com duas horas de duração.

Três Vezes Amor conta a história de Will (Ryan Reynolds), que está passando pelo árduo e doloroso processo de divórcio. Por causa disso, Will começa a ser insistentemente questionado por sua filha (interpretada pela pequena, mas brilhante, Abigail Breslin), que quer saber como os pais se conheceram. Will decide fazer uma brincadeira: ele trocaria o nome de três mulheres importantes que marcaram sua vida, e a garotinha teria de descobrir qual delas era sua mãe.

Brincadeira bonitinha? Doentia? Sim, um pouco das duas. Will começa a contar episódios amorosos de sua vida que, definitivamente, uma criança de dez anos não deveria ouvir. Mas, por incrível que pareça, a garota parece encarar tudo com naturalidade.

O elenco do filme é muito bom: ainda conta com Elizabeth Banks, Isla Fischer e Rachel Weisz. No entanto, a interpretação de Ryan Reynolds (que também atuou em filmes como Apenas Amigos e Antes que a Morte os Separe!) é apenas satisfatória. O ator tem muito mais potencial do que mostra em Três Vezes Amor. Eu estava esperando algo muito mais engraçado do que Reynolds nos apresenta.

O filme ficou muito longo. Como eu disse, ele parece uma novela, e sinto que tudo o que acontece ali poderia ser resumido em meia hora. Há muitos encontros e desencontros, e isso acaba cansando o espectador que é um pouco mais impaciente. Mas, certamente, Três Vezes Amor cativa os “românticos de plantão”.

domingo, 20 de abril de 2008

Super-Herói inusitado; comédia comum


Super-herói: o Filme não é nenhuma novidade para quem acompanhou a série Todo Mundo em Pânico. Não é à toa: Super-herói foi escrito e dirigido por Craig Manzin e produzido por David Zucker, os mesmos cineastas que fizeram todo mundo rir e ninguém entrar em pânico.
O filme é uma grande sátira de sagas de super-heróis, principalmente o famoso Homem Aranha. A história começa quando o estudante Rick Riker (Drake Bell) é picado por uma libélula geneticamente modificada. Após o anormal evento, Rick ganha poderes e decide usa-los para fazer o bem. Ou, pelo menos, tentar.
Sem dúvida, o filme é mais um besteirol americano. O espectador só senta na sua poltrona, ri de algumas boas piadas e vai para casa. Só isso. Como os filmes de Todo Mundo em Pânico, não há uma trama muito interessante (até porque ela é praticamente a mesma de o Homem Aranha) e o espectador não precisa necessariamente pensar ou fazer grandes reflexões ao longo do filme.
Certamente, os longas metragens classificados como “besteiróis” não são as melhores comédias. Não há piadas inteligentes e nem um roteiro com fundamento. Mas faz o tempo passar; é divertido.
O aspecto que eu mais admirava nos filmes da série Todo Mundo em Pânico era a criatividade de Craig Manzin e David Zucker para fazer alguma conexão entre três ou quatro outros filmes, que eram satirizados. A personagem protagonista Cindy (Anna Farris) passava por todas as tramas, e sua trajetória fazia completo sentido. No entanto, isso não ocorre em Super-Herói, pelo fato de que apenas o Homem Aranha é o filme usado como base para a trama (há também cenas de X-Men e Batman: Begins, mas são praticamente nulas).
Mas, de fato, Super-Herói tem algumas boas piadas ( e outras completamente desprezíveis). É um bom passatempo; aquelas famosa “sessão da tarde”. Se você está procurando por um filme assim, acabou de achar. Se esse não for o caso, é melhor procurar uma comédia com um roteiro mais bem fundado e com algum toque a mais de criatividade.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Quando a Anestesia Não Funciona


O que você faria se tivesse que fazer um transplante de coração, mas, na hora H, a anastesia geral não funcionasse? E mais: além de estar consciente, você está completamente paralisado, sem poder gritar por ajuda ou comunicar aos médicos que você pode ouvir tudo o que eles dizem e senti-los fazer a operação?
Esse é o drama que o roteirista e diretor Joby Harold traz às telas do cinema mundial. Awake – A Vida por um Fio é estrelado por Hayden Christensen e conta a história do bilionário Clay, que precisa desesperadamente de um transplante de coração. Quando ele recebe a notícia de que o órgão já está desponível, parece que tudo ficará bem. No entanto, a anestesia não tem o efeito esperado, e Clay permanence acordado – mas paralisado – durante a operação. Como se isso não bastasse (e agora vem o verdadeiro roteiro hollywoodiano), ele escuta os médicos dizerem que irão matá-lo, obviamente, por questões financeiras.
Mais para o meio da trama, Clay fica preso em sua mente e revive seu passado. Sim, bem hollywoodiano mesmo. Mas, como filme de estréia da carreira de diretor de Joby Harold, não está nada mau.
O filme, em si, não tem grandes sacadas. Não há nenhuma grande surpresa ao longo do mesmo, e também não há nenhuma grande atuação. O filme vale a pena pelas sensações que nos causa. Pelo menos no começo, compartilhamos do desespero do personagem de Hayden Christensen.
O único ponto realmente criativo da história é que o personagem principal, nosso “mocinho” não toma nenhuma atitude para resolver a situação (óbvio, visto que ele está paralisado). Enquanto Clay viaja no passado para resolver seus traumas infantis, sua mãe dominadora(Lena Olin) é que se desdobra para descobrir o que está acontecendo na sala de operação.
O elenco também conta com Jessica Alba, que interpreta Sam, recém-casada com Clay, e que também o acompanha, tanto na sua mente, quanto no hospital.
É importante dizer que, apesar do filme ser fictício, o fato de que pessoas ficam paralisadas durante cirurgias é real. Raro, mas real. Segundo os dados que o próprio filme nos fornece, de 21 milhões de pessoas que recebem a anastesia geral, 30 mil passam pelo mesmo drama do personagem do filme (aproximadamente 0,14%). No entanto, não sentem tantas dores, como o filme demonstra. O prório Hayden Christensen afirmou que conversou com pessoas que passaram por isso, e elas alegaram que sentem “alguma coisa ou outra”, além de escutar tudo.
Vale a pena dar uma conferida em Awake – A Vida por um Fio. E vamos esperar que Joby Harold continue no ramo de direção e roteiro, mas com tramas um pouco mais criativas.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Será que chegamos ao Fim da Linha?




O filme dirigido por Gustavo Steinberg traz à tona valores e princípios relacionados à ganância e ambição por mais e mais dinheiro.
Relacionei anteriormente Polaróides Urbanas à Crash – No Limite e Babel. Podemos adicionar à lista de semelhanças o filme Fim da Linha. O longa de Steinberg conta as histórias de um jornalista “falido”, um bebê seqüestrado, um deputado com atitudes duvidáveis, dois motoristas de táxi, idosos de um asilo que doam dinheiro a uma tribo indígena, um catador de papel, e uma ladra surda e muda.
Todas essas histórias se cruzam quando Artur (o jornalista desempregado interpretado por Leonardo Medeiros) decide fazer uma matéria sobre uma tribo indígena que pedia quantias de dinheiro. Caso contrário, não praticariam mais a dança da chuva e, conseqüentemente, não choveria mais na cidade de São Paulo, o que agravaria a crise de falta de luz pela qual a população passava. Enquanto Artur demonstrava a causa dos índios, o deputado Ernesto Alves (Rubens de Falco) tenta se livrar do dinheiro que apareceu “misteriosamente” no seu escritório. É quando seu filho ameaça jogar todas as notas preciosas pela janela. A notícia da “chuva de dinheiro” se espalha pela linha de rádio dos taxistas paulistanos e, logo, a história fica famosa pela cidade.
O filme é muito bem montado e, por isso, fica mais interessante. Particularmente, eu gosto de filmes que nos tragam alguma mensagem, que acrescentem algo na nossa vida. Fim da Linha é assim; nos faz refletir sobre até onde poderíamos ir por dinheiro, quais valores e princípios seriam ignorados para que pudéssemos alcançar a riqueza.
Guilherme Werneck (roteirista) e Gustavo Steinberg (também roteirista, além de diretor) tiveram ótimas sacadas em cenas que, aparentemente, são simples. Um exemplo é uma cena na qual há uma passeata pela paz, todo mundo de branco, muito bonito. No entanto, começa a cair dinheiro do alto de um prédio e, instantaneamente, a passeata pela paz vira uma verdadeira guerra pelos tão preciosos papeizinhos.
Outra ótima jogada dos roteiristas foi o próprio título. Fim da Linha pode estar relacionado tanto com as linhas telefônicas (usadas pelos taxistas e que têm grande importância no filme), quanto no sentido de estarmos sem saída, de ser o fim, graças a essa enorme ganância por dinheiro.
O filme é bom porque nos traz personagens do nosso cotidiano, da nossa realidade, de modo que realmente nos colocamos no lugar daquelas personagens e pensamos se tomaríamos as mesmas atitudes naquelas complicadas situações.